Vidas, vidas de cansaço, fadiga e trabalho
Vida
de lutas e labutas pela vida.
Esforço
de criar a família, educar os filhos.
Vida
que às vezes se tornam aborrecidas...
E
tristonho é lutar pela lida, de...
Alimentar
crianças, vestir a esposa, e...
Sobrar
alguns trocos para que no fim
Do
mês pagar o açougue. Mas como?
Deixar os pequenos famintos e doentes?
Ou quando chegarem no maior entusiasmo e dizer:
__ “Pai dê-me dinheiro para comprar merenda lá na
escola”.
E cabisbaixo responder: “__ não tenho”.
E o que mais poderia eu dizer?!
Se o pagamento não deu para pagar nem as contas todas.
Como... como poderia reservar?!
Esta é... a sina da lida nesta vida.
Fim do mês de abril.
A esperança, a expectativa de ver...
Ver o começo de um novo mês.
Mês de maio.
Dizem que é o mês das noivas.
É verdade? E noiva tem mês? Eu não sabia.
De uma coisa eu tenho convicção:
“É o mês que comemora o dia das mães”.Mas como... como... como festejar?... como
presenteá-la?
Se não tenho um tostão na mão.
Em
casa todos estão na expectativa...
Os
pequenos estão alegres, cantando, já acostumados
com
este emaranhando de emoção e decepção tudo de uma vez
Nos
vizinhos há som, sorrisos, festas, todos felizes.
Mas
em meu coração pedaços de mim parecem ser arrancados
Meu
pensamento dá voltas e mais voltas, cenas passam diante...
De
mim como num tubo de televisão... e...
E
o pior ainda é ver os pequenos...
...Que como pedindo dinheiro,
Para comprar o presente da mãe,
Desliza os dedos um sobre o outro,
Em forma de segredo para a não desconfiar.
E o que devo dizer... falar tudo de uma vez?
Pobres criaturas, inocentes que são, será que entendem
o que é perder o emprego?
Digo então a elas: “__Filhos, papai não pode arrumar o
dinheiro para que...
A sua mãe festejar, pois agora TRABALHO NO DESEMPREGO
e não...
Sei quanto vou arrumar um e nem sei quanto vou ganhar.
Não sei se você gostou de minha maneira de expressar.
Mas quando vi meus companheiros serem despedidos do
serviço
Sem o direito de reclamar, eu... eu...
Eu não pude suportar, o dia perdeu-se a graça
E era grande a vontade de chorar.
E o que mais poderia eu fazer?
Só e somente só lamentar só.
A vocês fieis companheiros,
Trabalhadores sinceros e humildes.
Que no dia 30 de abril de 1.992 perderam o emprego,
Sem ao menos um aviso prévio.
Dedico-lhes esta poesia
Desejando-lhes boa sorte, e que Deus lhes ilumine,
E que um dia venham vocês sentirem-se felizes,
Por terem um futuro garantido e o descanso merecido.
São Miguel do Araguaia-GO, 01 de maio de 1992.
N-valdo Alves (Sula)